20071125

haia

Em Haia tinha à minha espera a Ana e a Mariana. Como não me agrada expor demasiado a vida dos que me rodeiam, fico-me pela constatação de que foi reconfortante estar com pessoas amigas. Ainda que conheça bastante gente em Madrid não faço amizades depressa.
Desfrutei de uma visita guiada à cidade. A casa onde me acolheram fica numa zona de maioria turca, a dez minutos a pé do centro. À medida que se caminha em direcção às ruas principais as padarias e os talhos turcos vão dando lugar a lojas de discos e muitas, muitas de roupa. Dizer que o ambiente é cosmopolita é pouco: Haia é um centro na teia legal que rege a burocracia mundial. Ali se misturam funcionários de organizações internacionais, representantes diplomáticos, empregados de multinacionais, estudantes estrangeiros, imigrantes e, enfim, uns quantos holandeses. As lojas, e são muitas, estão sempre cheias. Entrei numa boa livraria onde, sintomaticamente, uma razoável parte dos livros era em inglês. Há restaurantes com bom aspecto, quase todos de cozinha internacional; segundo as minhas amigas, não se pode dizer que a gastronomia holandesa exista enquanto tal.
Não só de globalismos diluidores se faz Haia, há espaço para o idiossincrático. O que mais salta à vista é a hegemonia das bicicletas, escuras e curvilíneas: pais com crianças enfiadas em cestos, miúdas que pedalam enquanto escrevem mensagens no telemóvel. Depois, os pormenores: um casal fumando um charro enquanto caminha com o filho pela mão; uma escondida loja de mapas de que a Mariana me tinha falado. A cidade em si mesma é agradável. Gosto do equilíbrio entre os edifícios antigos do coração da cidade e a arquitectura arrojada nas zonas menos centrais. Não sendo tão bonita quanto Delft ou, vá, tão estimulante quanto Amesterdão, Haia pareceu-me um bom sítio para se viver. A dimensão espacial é muito diferente das outras cidades médias do norte da Europa que conheço - sítios na Suécia e na Noruega onde a geografia permite um ordenamento mais disperso.
Finalmente, a questão à qual sempre se alude quando falamos desta zona: estar em Haia é estar a pouco tempo de Amesterdão, sim, mas também de Bruxelas, do oeste da Alemanha, do norte de França e de Londres. Confesso ainda que não fui ao museu Mauritshuis mas adianto que, em Amesterdão, visitei o Van Gogh.

(adenda: corrigi uma gralha no último parágrafo)

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