20080125

leonardo e o tempo

Mostro a Leonardo algumas reproduções de pinturas. Passamos por Hans Baldung. Leo arregala os olhos e abre a boca. Coloca o pequeno indicador sobre a figura da Morte e pergunta-me se é um monstro. Fico sem resposta. É uma imagem enigmática. A sugestão mais imediata é a contraposição entre, por um lado, a vaidade e o culto do efémero e, por outro, a intransigência do tempo e a certeza da morte. Além disso, não há aqui qualquer indício de redenção. Leonardo tem quatro anos e não quero entrar em terrenos pantanosos. Chamo-lhe a atenção para alguns detalhes enquanto penso numa saída para a situação, uma história sobre múmias, qualquer coisa. Então, Leo aponta para a Morte e diz que ela é má. Pergunto-lhe porquê, convencido de que justificará a afirmação com a fealdade da figura. Ele responde que assim que toda a areia ocupar a parte inferior da ampulheta a rapariga do espelho morrerá.


Three


(Esta pintura está no Kunsthistoriches Museum em Viena. O título varia consoante a fonte: As três fases da Vida e a Morte; As três idades da Mulher e a Morte; Beleza e Morte... Na página do museu é identificada como As três idades do Homem)

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