20080220

malito

Ao longo dos passados onze dias antecipei o retorno à comunicação oral em português. Hoje, primeira manhã após dizer adeus a Josephine, acordei com a cabeça cheia de palavrões castelhanos e, parece-me, um ou outro mexicano. Levantei-me, resmungando (já em português) contra o caos deste quarto e a escassez das horas de sono, rasgando folhas de jornal com os pés enquanto procurava o interruptor do candeeiro. Foi depois de cumprir esta tarefa que percebi que me sentia mal.

Às vezes tomo a veleidade de proclamar que nunca estou doente e raramente ressacado. Só me lembro de passar um dia na cama, teria onze ou doze anos. A mim ninguém me contagia, digo eu, fanfarrão. Nada disso; está um vírus nesta casa, todos demonstram alguns sintomas e Josephine também esteve um pouco doente. Hoje o meu organismo está mergulhado naquilo que eu, pouco versado nisto das maleitas físicas, julgo ser um esboço de gripe. Um grande peso na cabeça, ardor nos olhos e um cansaço despropositado. A hipótese de ressaca está arredada porque não bebi ontem. As defesas do castelo ruíram e estou à mercê da progressão de microscópicos invasores. Espero que não se demorem por aqui. É que tal como há pessoas que não se dão bem sozinhas, eu tenho pouco jeito para enfrentar a doença. Aguentei-me duas ou três horas até que atingi o limite da paciência. Não suporto a obrigação de estar quieto quando me resta uma semana em Madrid. E então saí.

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