Começo a ressentir-me de não ler por impulso próprio. Aprender umas coisas sobre o sistema eleitoral espanhol, Sheldon Wolin ou a mediação dos quakers no Biafra é interessante, claro. Mas a literatura faz-me falta.
E hesitei um instante, creio que por vergonha; assaltou-me outra vez o receio da pulha. É certo que não havia ali nenhuma testemunha externa; mas eu tinha dentro de mim mesmo um garoto, que havia de assobiar, guinchar, grunhir, patear, apupar, cacarejar, fazer o diabo se me visse abrir o embrulho e achar dentro uma dúzia de lenços velhos ou duas dúzias de goiabas podres. Era tarde; a curiosidade estava aguçada, como deve estar a do leitor; desfiz o embrulho, e vi...
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas
20080122
ler
por joão c. às 01:43
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