20071008

aproximação à rotina

Ao lado da porta do prédio há uma padaria. Abasteço-me lá pela manhã, não há filas. Volto ao quarto andar, que está anormalmente calmo: Jorge (pequeno) já arrancou para a escola, Manuela, Leonardo e Jorge (grande) dormem. Tomo o pequeno almoço calmamente, a manteiga deslizando sobre o pão, um iogurte pretensamente grego. Zarpo para a faculdade, atravessando uma Plaza Mayor que repousa das hordas de turistas. O metro aqui funciona muito bem e a circulação é bastante fluída, raramente temos de nos acotovelar. Lê-se mais do que em Lisboa, pelo menos a julgar pela amostra captada nos transportes públicos. Fim da linha, Moncloa, onde apanho um autocarro para a faculdade, que fica nos arredores. Costumo demorar cerca de 40 minutos desde o momento em que saio de casa até que chego a Somosaguas. Tenho aulas e há duas que parecem francamente promissoras. Três da tarde, hora de almoço, infiltro-me no eixo franco-alemão; são de lá as pessoas com quem mais tenho falado. Volto para Madrid, Jorge (grande) diz-me que a internet está quase disponível. Vou ao Dia, do outro lado da rua, e faço as compras para a semana. Ofereço-me um tinto de Valdepeñas, está barato. Arrumo as compras, são seis e tal. Estou com falta de t-shirts, atravesso a Puerta del Sol e vou à H&M. Adquiro uma camiseta lisa, castanha, o teu estilo é não ter estilo, costuma dizer-me alguém incisivo nas observações que faz a meu respeito. Vou espreitar livros: todo um novo rol de editoras, colecções, autores desconhecidos, aqui apostam no formato de bolso. Volto ao 19 da calle de Toledo, oito e meia e ninguém em casa, ponho a tocar Miles Davis e trato do jantar. Bifes temperados com pimenta e vinagre balsâmico enquadrados por um arroz de cebola a la N. Não está ninguém em casa e eu aproveito a preciosidade que é esta brecha de sossego, Jorge (grande) não canta, os miúdos não correm, Manuela não grita com eles. Abro a garrafa de Valdepeñas e ataco os bifes.

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